O exterior não reflete o interior? Esta é a premissa do filme francês Tomboy (2011) só agora lançado no Brasil, que nos chama a refletir sobre esta pergunta.

Depois da semana em que a cantora Daniela Mercury resolveu abrir a porta do armário, provocando espanto e comentário, o filme é uma ótima pedida para quem curte um bom filme ou que deseja pensar sobre o assunto.

No filme, Laure (Zoé Héran), uma garota de 10 anos, vive com os pais e a irmã caçula, Jeanne (Malonn Lévana). A família mudou-se há pouco tempo, por isso, não conhece os vizinhos. Um dia, Laure resolve ir à rua e conhece Lisa (Jeanne Disson), que a confunde com um menino.

Laure, que usa cabelo curto e gosta de vestir roupas masculinas, aceita a confusão e apresenta-se com o nome de Mickaël. A partir deste episódio passa a levar uma vida dupla, pois, os seus pais sequer sabem da sua falsa identidade.

O público é pego de surpresa ao descobrir que não se trata apenas de uma brincadeira. A garota de fato não se sente bem se assumindo menina, por isso, não por brincadeira que cria uma imagem masculinizada de si mesma, apaixonando-se por uma garota, com a inocência própria das crianças.

Tomboy ainda é repleto de situações engraçadas, como a entrada de Laurem no time de futebol e durante um banho de rio quando precisa simular volumes na roupa a fim de parecer menino. Além da sensível irmã Jeanne que descobre e respeita a aventura da irmã mais velha, porque percebe que vestida de menino ela se sente mais feliz.

O filme toca no assunto de forma delicada e respeitosa, sem alarme ou panfletagem, sem valer de quaisquer estereótipos. Uma boa pedida para quem curte assistir a um bom filme em casa, que foi produzido fora do circuito americano de cinema. Tomboy está disponível em locadoras.

Daniel Rocha

Historiador, Bacharel em Serviço Social, Pós-Graduado em Educação à Distância (EAD), Cinéfilo e blogueiro criador do blog Tirabanha em 2010.

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