Por Erivan Santana
O desfile da escola de samba Paraíso do Tuiuti na Marquês de Sapucaí no Rio de Janeiro, no domingo (11/2), está sendo considerado um dos mais politizados dos últimos anos, revelando o que é o verdadeiro carnaval: contestação e subversão.
A escola simplesmente retratou o atual contexto social e político do país, conquistando o povo pela sua coragem e originalidade. Com o enredo “Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão?”, foram percorridos séculos de nossa história, mostrando que a escravidão somente mudou a forma, mas continua sendo exercida através de reformas trabalhistas enganosas e golpes modernos, apoiados por muitos setores da mídia hegemônica e outros tantos setores do Judiciário.
O afrodescendente continua sendo explorado, os mais pobres continuam sendo massacrados em guetos e favelas, enquanto uma elite encastelada no Executivo, Legislativo e Judiciário se locupletam de vantagens e benesses que envergonham o mais humilde trabalhador brasileiro.
Por isso, a Tuiuti nos revela que o carnaval pertence ao povo, manifestando suas alegrias, dores e tristezas. Mas foi constrangedor perceber a parcialidade da principal emissora de tv do país, com os seus apresentadores e jornalistas limitando ao máximo seus comentários acerca do que viam.
Esta parcialidade percebida em muitos setores da imprensa brasileira, também conhecida como quinto poder, é visível, assim como este fenômeno é percebido em outros poderes, como o Judiciário, que deveria se pautar pela absoluta imparcialidade.
Ademais, o carnaval apresentado por esta escola de samba recupera a crença nos valores da espontaneidade, criatividade e criticidade tão presentes no nosso povo, sendo que o samba e as marchinhas de carnaval são veículos perfeitos para esta representação.
Estas reflexões se tornam extremamente relevantes, num momento em que se discute o verdadeiro papel e função da arte. Obrigado, Paraíso do Tuiuiti por nos representar. Viva o Brasil! Viva o povo brasileiro!
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