Por Daniel Rocha


O município de Porto Seguro, Extremo sul da Bahia, é cortado pelo paralelo 17° s, uma localização geográfica que segundo uma visão mística faz aumentar o clima de sedução e desejo dos turistas que chegam para visitar suas praias e distritos como Trancoso, uma vila “paz e amor” rodeada por contradições urbanas.

Trancoso fica no exato lugar por onde passa a linha que  corta lugares  como Goa e Bali na Indonésia e países como Vanuatu e Polinésia Francesa, que em tese tem o poder místico de despertar a sexualidade e o instinto de liberdade em quem chega para visitar, como os jovens hippies da década de 1970 que ocupou a então pequena vila de Trancoso transformando seu espaço e economia potencializando contradições.


Igreja de São João Batista

Hippies oriundos de todas as partes do Brasil e do mundo, Alemanha, Suíça, Canadá, que sem querer querendo, foram transformando o lugar em um conhecido destino turístico mundial, intervindo fortemente na conservação das casas coloniais e de monumentos como a igreja de São João Batista, de 1656, restaurada na década de 70 pelos jovens imbuídos de autoeficácia e liberdade.

Nesse espaço de tempo outros migrantes, vindos de todos os lados do Brasil, também foram ocupando o espaço do distrito e adquirindo terrenos localizados à beira-mar e  também as residências do entorno da Praça do Quadrado, lugar onde até 1975 residia famílias nativas que sobrevivia de pequenos cultivos, pesca e exploração da madeira.

De modo que, com o passar das décadas, a ocupação foi empurrando gradualmente a população nativa para áreas mais distantes das praias como a dos atuais bairros Trancosinho, Maria Viúva e Vila Xando, comunidades que no presente sofrem, como todo lugar que nasce em meio a contradições urbanas, com problemas estruturais e tráfico de drogas.

Dessa forma, o distrito de Trancoso combina no presente o seu passado de aldeia colonial historicamente constituída e mesclada pela cultura nativa, católica e africana com o clima e discurso místico dos ideais hippie do “Paz e amor” em meio às contradições das divisões urbanas e suposta energia do paralelo 17°s que segundo a lenda faz aflorar uma aura mística nos milhares de turistas de todo o mundo que visita o lugar todos os anos em meio às contradições e contrastes ocultos nas propagandas turísticas.

Daniel Rocha da Silva*

Historiador graduado  e Pós-graduando em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X. Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com

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