Por Daniel Rocha

Todo mundo que tenha passado pela escola ou assistido qualquer produção televisiva de época já ouviu falar da escravidão no país e sua influência e impacto na formação da sociedade brasileira e cultura nacional, contudo são poucos que já ouviram falar da presença dos negros escravizados no extremo sul da Bahia e da luta e resistência do “Quilombo Império” ocorrido no século XIX nos arredores da cidade de Caravelas.

A narrativa sobre esse acontecimento foi pesquisada no livro “Frontiers of Citizenship: A Black and Indigenous History of Postcolonial Brazil, da pesquisadora/ historiadora Yuko Miki. Segundo a narrativa do livro, depois da proclamada a independência do Brasil os negros escravizados desta parte do litoral baiano organizou quilombos e levantes em resistência ao regime escravista, principalmente em Caravelas (BA).

Nos cinco anos seguintes à revolta, quilombos e agitações de escravos continuaram a proliferar em Caravelas ( BA) e em São Mateus (ES) alimentando os temores de uma guerra racial semelhante ao Haiti, primeira nação independente do Caribe e república negra do mundo a abolir a escravidão. A independência do Haiti foi proclamada em 1.º de janeiro de 1804.

Em 1828 o “Quilombo Império,” fixados na mata próxima a cidade, que reuniu grande quantidade de negros fugitivos lutou fazendo uso de armas de fogo, arcos e flechas, armadilhas e armas ocultas quando uma expedição anti-quilombo invadiu o lugar.

A expedição anti-quilombo matou três quilombolas e capturou homens e mulheres, mas permitiu que o líder ferido escapasse. No entanto, mesmo com a destruição deste quilombo em particular, diversos quilombolas, mais da metade, permaneceram circulando pelas matas em torno de Caravelas.

Tal fato levou o capitão solitário do lugar, encarregado das principais expedições, declarar sua desistência a justiça de paz de Caravelas: “Sempre haverá escravos fugitivos nessas florestas, porque estão todos dispersos, há muitos campos e numerosos escravos, com mais de cinquenta, oitenta ou cem cativos, com apenas um capitão de mato neste distrito.”

Na luta pela independência do Brasil que culminou com a expulsão dos portugueses do país, especialmente na Bahia, onde os lusitanos tentaram resistir, os negros participaram do enfrentamento ao lado das autoridades baianas.

Em tese, após esse evento os  afro-descendentes não aceitaram mais os moldes de opressão do antigo sistema colonial que esperavam ver modificados antes e depois da luta pela independência. Criando lugares de história e resistências, como o “Quilombo Império.”

Fonte: 

MIKI.Yuko. Frontiers of Citizenship: A Black and Indigenous History of Postcolonial Brazil. 2018. Pg. 66,67,68.

Daniel Rocha da Silva*

Historiador graduado  e Pós-graduando em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X. Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com

ATENÇÃO: O conteúdo  deste Site não pode ser copiado, reproduzido, publicado no todo ou em partes por outros sites, jornais e revistas sem a  expressa autorização do autor. Facebook.

Compartilhar: