Por Daniel Rocha

Isael de Freitas Correia (1916 – 2011), sempre foi uma figura conhecida na cidade de Teixeira de Freitas. Filho dos pioneiros José Félix Correia e da senhora Ana Rodrigues da Conceição, da fazenda Nova América, foi  vendedor, comerciante e proprietário de parte das terras onde hoje se localizam os  bairros Mirante do Rio, São José e Monte Castelo. 

Segundo conta o filho, nas décadas de 1960 e 1970, o senhor Isael de Freitas contribuiu veemente para a expansão do povoado doando terrenos para a Construção do Batalhão e para passagem da BR – 101 e, também, participou do movimento pela construção de espaços públicos importantes o do Colégio Estadual Professor Rômulo Galvão (Ceprog)

Hoje, graças ao engajamento do seu filho, Domingos Cajueiro Correia,  narrativas e memórias sobre seus feitos são divulgados em sites e revistas e ajuda a compreender aspectos do imaginário popular do passado teixeirense, como é possível notar no registro do “Causo do Homem Ofendido por Sete Cobras,”  narrado pelo pai que era contador de causos nas horas vagas.

Conta Cajueiro que o pai narrava que nos idos de 1940, quando Teixeira de Freitas não passava de uma área fechada por densas matas e  lugar de fazendas como Cascata e a Nova América, seu pai foi como o próprio dizia, ofendido por sete tipos de cobras “Jararacuçus e Jararacas” que o picou enquanto circulava distraído por caminhos entre as matas. 


Cajueiro, de boné, e outros familiares na  inauguração da escola

Que no momento que sentiu a picada, como era de costume fazer na época, benzeu a perna colocando um facão no local e, como mandava uma conhecida simpatia, finalizou enfiando o facão em um tronco de uma árvore. Dentre as sete picadas uma inflamou se convertendo – se em uma dolorosa ferida.

Na época ele procurou recursos nas maiores cidades próximas, “Caravelas e Teófilo Otoni,”contudo, a ferida permaneceu gerando incômodos. Viajando como comerciante pela região, teve informação de um foguista macumbeiro que estava em navio atracado no porto de Ponta de Areia em Caravelas, especialista em curar picadas de cobra venenosas, poderia resolver o seu problema.

Com sorte, conseguiu encontrar a tempo com  o foguista, um senhor de cor negra, oriundo do Rio de Janeiro,  que ao analisar a situação da ferida e ouvir os detalhes do ataque das serpentes concluiu que na verdade ele havia pisado em um despacho feito por alguém que desejava sua morte e que revelaria um remédio para curar se o mesmo pagasse um valor pedido. 

Assim, diante da situação, a mãe do senhor Isael vendeu duas vacas e deu o dinheiro ao filho para comprar o “Elixir Galenogal”, o remédio indicado e vendido pelo foguista. Após fazer o uso do remédio de base natural a ferida causada pela picada de uma das cobras não voltou a incomodar.

Com graça recorda Domingos Cajueiro que quando sua mãe, a parteira Maria de Lurdes, discutia com o pai aproveitava do momento para contestar a versão do causo repetido à exaustão por ele dizendo que não tinha condições de uma pessoa sobreviver ao ataque de sete cobras venenosas. Isso deixava o velho contador de causos muito bravo, pois não tinha o antigo morador o hábito de mentir.

 Daniel Rocha da Silva*

Historiador graduado  e Pós-graduando em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X. Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com

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Foto: Isael de Freitas Correia e Maria de Lurdes

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