Por Erivan Santana*

O Itanhém/Salvador saiu de Texas às 16:50 hs, quase cheio. Esta viagem a Salvador de ônibus é muito boa e agradável, já que você viaja à noite, dorme, chega descansado, o tempo passa rápido.
 
No início da noite, chegamos a Eunápolis, desço para tomar um café e a tv na rodoviária está mostrando uma reportagem com o áudio da então presidenta Dilma Rousseff, que foi vazado, e que segundo os doutos da lei, foi um ato ilegal do juiz Moro. No áudio, a ex-presidenta pretendia empossar Luís Inácio Lula da Silva, como chefe da casa civil.

O STF deu um leve pito para disfarçar, passando a mão na cabeça do magistrado, e a vida seguiu em frente, como se nada de anormal tivesse acontecido. Tempos depois, as revelações do The Intercept mostraram, comprovadamente, a parcialidade e falta de isenção ética, por parte do juiz em questão, o que colaborou para que as eleições de 2018 fossem realizadas em um ambiente conturbado, com fake news e cooptação política enganosa de grande parte da população.

Volto ao ônibus, dormi, e quando acordei, estávamos passando por Itabuna, e foi quando entrou uma moça aparentando uns 19 anos, negra, linda, e com aquela trança no cabelo, que os orixás adoram. Perguntei seu nome, ela disse que se chamava Amanda, eu respondi que me chamava Rubens, ela disse “prazer”, acompanhado de um largo e simpático sorriso.

Baiano é assim, pensei, um povo comunicativo e popular. Ela tinha ido visitar uns parentes em Itabuna e estava retornando a Salvador. Conversamos sobre trivialidades, coisas do dia a dia, etc, e ela me disse para ir morar em Salvador, assim, poderíamos “esticar a conversa”. Eu disse que não podia, tinha compromissos em Texas.

O 22270 da Águia Branca percorria tranquilamente a BR 101, olhei pela janela, uma lua linda iluminava o céu, e Amanda dormia, parecia um anjo. Ao amanhecer, estaríamos na primeira capital do país.

*Erivan Santana é professor, escritor e poeta. Membro efetivo da ATL (Academia Teixeirense de Letras)

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