Por Daniel Rocha

No dia 12 de agosto de 1987, o Jornal A Tarde, através do correspondente local, noticiou que a região do extremo  sul da Bahia, estava enfrentando um surto de dengue.

No presente, o aumento no número dos indicadores, tal como antes, deixa a sociedade em alerta e põe  equipes de saúde  descentralizadas em ação. 

Conforme noticiou o jornal da capital baiana, em agosto de 1987, os hospitais da cidade de Itamaraju e de toda região estavam lotados com pessoas com sintomas característicos da doença causada pelo mosquito Aedes Aegypti,  como febre alta e fortes dores por todo o corpo. 

Diante desse quadro dramático, um agente da Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam) havia  procurado o correspondente local do jornal, Evandro Lima,  para alertar sobre a existência de larvas do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da Dengue e da Febre Amarela,  que estavam sendo encontradas em excesso  em toda região. Destacou o jornal:

“O pessoal da Sucan que se encontra na região fazendo o trabalho de pesquisa de combate ao mosquito pede encarecidamente à população que deixem que eles, fiscalizem tranquilamente os reservatórios, vasos velhos, e outros locais que possam esconder o mosquito a fim de  evitar, também, que estas larvas se propaguem por mais lugares.”

Convém lembrar que na época não existia equipes de combate à dengue locais, tal como hoje com os Agentes de Combate às Endemias (ACE) nos municípios,  que facilmente  intervêm em locais onde os números  apresentam elevações.

Naquela época, as equipes regionais de combate tinham que se deslocar de determinado lugar, de uma cidade a outra,  para atender os indicadores de surtos que não eram tão comuns como hoje.

Apesar de já existir, a dengue não era uma doença rotineira, tanto que uma epidemia nunca havia sido registrada, só pequenos surtos como o de 1987  e 1994, sete anos depois, quando a Dengue tipo 02 foi registrada nas principais cidades do extremo sul do estado, conforme revela a pesquisa Dengue na Bahia: Análise da dinâmica espaço-temporal no período de 2001 a 2010:

“A partir de 1987 até o primeiro semestre de 1994, epidemias de dengue não foram registradas no território baiano. No segundo semestre de 1994, novos casos autóctones foram relatados, em municípios localizados no extremo sul da Bahia, como Porto Seguro, Prado, Teixeira de Freitas, e outros. A partir desses relatos, investigação soro-virológica comprovou que se tratava do sorotipo dengue 2 (DEN-2) que havia sido introduzido no território baiano.”

Durante muito tempo, as ações de controle de endemias foram centralizadas pela esfera federal, Sucam, que, desde os anos 70, era responsável pelos chamados ‘agentes de saúde pública’. Mas, seguindo um dos princípios básicos do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1999 as ações de vigilância passaram a ser descentralizadas e hoje o município é o principal responsável por elas.

Como é  possível  deduzir, o surto de 1987 não foi o pior da história, mas o prenúncio  do que viria  a se tornar mais comum  nos anos seguintes. No presente, a região vem  enfrentando um surto de casos de Dengue, Chikungunya e Zika, que têm sido combatidos pelas equipes locais de combate  às endemias, os Agentes de Combate às Endemias (ACE), que são popularmente  conhecidos como “Agentes da Dengue”.

Fontes:

Jornal A tarde. Agosto de 1987.

AGENTE DE COMBATE A ENDEMIAS: https://www.epsjv.fiocruz.br/educacao-profissional-em-saude/profissoes/agente-de-combate-a-endemias

Daniel Rocha*. Historiador graduado e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.  Contato WhatsApp: (73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com.br.

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