Por Erivan Santana

Nunca tinha ouvido falar da MC Pipokinha, até ver as suas declarações em vídeo que viralizaram recentemente, nas redes sociais. Na verdade, o que temos ali é uma adolescente que provavelmente nunca gostou de estudar ou que não valoriza a educação, conversando com outra adolescente, na mesma linha de comportamento.

O próprio nome da artista já lembra simplesmente a sociedade do espetáculo em que vivemos. Assistir filmes nos cinemas hoje, equivale a ver crianças, adolescentes – e adultos também – carregando refrigerantes e pipocas para assistir aos filmes, como se isso fosse obrigatório nesta situação. Filme misturado com barulho de pipoca e latinhas de refrigerantes – taí a imagem perfeita da sociedade do espetáculo.

Neste tipo de sociedade, o conhecimento, a educação e a cultura tem pouco valor. O índice de leitura de livros no Brasil, por exemplo, é baixo, mesmo comparados a nossos vizinhos sul-americanos, como Argentina, Chile e Uruguai. 

Este e outros índices, refletem também a desvalorização dos professores e da educação no Brasil que é histórica. Estes profissionais precisam trabalhar em até três turnos em várias escolas para sobreviver, precisam estar sempre estudando e se atualizando e ainda tem de lidar com a falta de infraestrutura das escolas, país afora.

Pipoka, Pipokinha, você é jovem, pode ainda mudar o rumo de curso da sua arte, conheço muitos artistas que amadureceram e evoluíram para uma arte mais engajada, tanto do ponto de vista social e político, como cultural.

Com tanta popularidade junto aos jovens, você pode colaborar com os professores, a educação e uma sociedade mais consciente – lembre-se de “Tempo perdido” do Legião Urbana. Não temos tempo a perder.

*Erivan Santana é professor, cronista e poeta. Autor de “Para ler um poema”, “Balada da misericórdia na primavera” e o mais recente livro de crônicas, “Tempos Sombrios: Instantâneos da Realidade.”

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