Por Daniel Rocha
Em 1889, o então presidente Campos Sales tomou uma decisão estratégica que entraria para a história do Brasil e da América do Sul. Ele nomeou o renomado Joaquim Nabuco, uma das figuras mais ilustres do país, para uma missão diplomática de grande importância: defender os interesses brasileiros na disputa territorial com a Inglaterra pelas terras da Guiana Inglesa.
A nomeação, amplamente divulgada pelo Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, rapidamente se tornou tema de destaque em toda a região, de Buenos Aires a Santiago do Chile, onde Nabuco já era uma figura de prestígio.
Joaquim Nabuco, conhecido por sua luta incansável pela abolição da escravidão, era não apenas um diplomata habilidoso, mas também um escritor e intelectual de renome internacional.
Após a Proclamação da República, ele havia se afastado da vida política, mas, ao ser convocado pelo presidente, não hesitou em aceitar o desafio. Sua missão era representar o Brasil na chamada Questão do Pirara, uma complexa disputa diplomática envolvendo terras e rios na região do alto Amazonas.
A escolha de Nabuco foi amplamente celebrada, tanto no Brasil quanto no exterior. Seus admiradores, espalhados pelo mundo, viram na nomeação um acerto do governo brasileiro.
“Finalmente, o governo acertou!”, comentavam. No entanto, apesar de todo o talento e dedicação de Nabuco, a disputa só foi resolvida em 1904, com o Brasil perdendo parte do território que hoje compõe o estado de Roraima para os ingleses.

A derrota deixou marcas profundas em Joaquim Nabuco. Em um momento de profunda emoção, ele confessou: “Tenho feito todo o meu dever, estou com a consciência tranquila, mas o coração sangra-me; parece-me que sou eu o mutilado do pedaço que falta ao Brasil”.
Em resumo, a atuação de Joaquim Nabuco na Questão do Pirara, embora marcada por um resultado desfavorável, consolidou sua reputação como um dos mais dedicados e competentes diplomatas da história do Brasil. Por fim , essa trajetória ilustra os desafios enfrentados pelo país em sua consolidação como nação soberana, bem como a complexidade das relações internacionais no final do século XIX e início do século XX.
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