Por Daniel Rocha

A história urbana do Brasil colonial está profundamente entrelaçada com as Casas de Câmara e Cadeia. Presentes nas vilas e cidades desde o século XVI, essas edificações reuniam, sob o mesmo teto, a administração política e a justiça, incluindo as prisões. Eram, ao mesmo tempo, expressão do poder da Coroa portuguesa e ferramentas de controle social.

Localizadas em pontos centrais e estratégicos, com arquitetura imponente, essas construções deixavam claro quem mandava: ali estava o centro da autoridade. Ao lado das igrejas, formavam o eixo simbólico do cotidiano colonial, unindo a força da lei à influência da fé.

Algumas dessas casas ainda resistem no extremo sul da Bahia; outras sobreviveram apenas em documentos ou na memória coletiva. Em Nova Viçosa, por exemplo, há um exemplar raro e bem conservado, construído no final do século XVIII pelo ouvidor de Porto Seguro, José Xavier Machado Monteiro. 

Casa de Câmara e Cadeia de Porto Seguro -1957. Foto: IBGE

A edificação mantém traços originais e é um marco da arquitetura e da organização administrativa da época. Porto Seguro também guarda sua Casa de Câmara e Cadeia do século XVIII, tombada pelo IPHAN, que por anos abrigou um museu com peças ligadas à colonização. 

Já em Santa Cruz Cabrália, um sobrado histórico , provavelmente do final do século XVIII, foi tombado em 1981.  Registros de 1887 indicam que o térreo funcionava como cadeia, enquanto o andar superior abrigava a Câmara e o Tribunal do Júri. Desde os anos 2000, o prédio serve como arquivo público municipal.

Contudo, nem todas casas de Câmara tiveram a mesma sorte, em outras cidades como Alcobaça, Caravelas e Prado, só deixaram rastros e notícias da sua existência. Sobre, vamos conhecer mais no próximo texto da série.

Daniel Rocha da Silva
Historiador graduado e pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.
Contato: WhatsApp (73) 99811-8769 | E-mail: samuithi@hotmail.com

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