Por Daniel Rocha

Tem crescido na cidade de Teixeira de Freitas um sentimento de segregação que se expressa na construção de fronteiras invisíveis evidentes através  da adoção de um modelo de sociedade que possibilita a lógica da “guetização” da  identidade local.

É importante salientar que não existe uma situação de segregação, mas a meu ver pode se dizer que há um sentimento parecido em vigor que ganha força com o avanço de um modelo de sociedade que tem valorizado, de forma intensa, a formação de grupos e guetos sociais em um processo de  “guetização” das identidades culturais.

Atualmente, percebe-se que, o discurso de que a “localização define seu status social” já pode ser compreendido como um sintoma desse sentimento crescente na cidade quando, por exemplo,  se analisa, informalmente, o modo que lidamos com as classificações dos espaços de residências como bairros para os ricos e bairros para os pobres, condomínios do governo, condomínios de luxo etc.

Categorização que evidencia uma lógica da guetização dos locais de convivência e  também dos cidadãos que acabam rotulados por denominações ligadas a essas separações.

É válido ressaltar que outros fatores arrojaram esse sentimento nas últimas décadas na cidade e no país como o avanço do individualismo, o crescimento desordenado da cidade, as redes sociais e disseminação pela mídia de costumes estranhos à cultura, memória  e identidade local.

O resultado desse enquadramento é a crescente mutação e empatia de alguns quanto a diversidade social existente na cidade e o abandono  de eventos tradicionais de vivência e manifestações populares,por exemplo, como as festas juninas que a cada ano têm  sido levadas para espaços privados e fechados onde prevalece o viés da capitalização da tradição.

Tendo em vista esses pressupostos, compreendo que há em Teixeira de Freitas a manutenção e o fortalecimento das fronteiras invisíveis que vem se consolidando através de um modelo de sociedade que possibilita a lógica da “guetização” que também influencia o modo como o cidadão vem interpretando o conceito de igualdade, cidadania, cultura e identidade nos últimos anos.

Compartilhar: