Em meio ao crescimento do uso da internet, impactado pelo atual contexto ocasionado pela Pandemia do Covid-19, um termo vem chamando a atenção em todos os meios de comunicação: cringe, que numa tradução livre do inglês significa “vergonha alheia” ou “cafona”.

O debate se dá principalmente entre os jovens (ou nem tão jovens assim) e os mais jovens, os chamados geração Z (nascidos entre 1996 e 2010). Exemplificando, segundo eles, tomar café da manhã, rir usando emojis ou usar hashtags, ou ainda, pagar boletos, já são motivos para lhe classificarem como “cringe”.

Esta classificação é bastante questionável, em um país como o Brasil, onde grande parte da população não tem acesso à internet, ou acessam em condições precárias. Revelam também dificuldades de convivência ou tolerância.

Na verdade, este tipo de atitude e ou comportamento, reflete muito bem o conceito da modernidade líquida, termo cunhado pelo sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman, falecido em 2017, onde, segundo ele, na atualidade, tudo tende a ser vulgar, rápido e passageiro, deixando o homem moderno cada vez mais atento aos modismos, ao consumismo desenfreado, à busca incessante do novo, prejudicando a qualidade de vida das pessoas e deixando-as cada vez mais ansiosas.

São inegáveis as benesses e vantagens do advento da internet, mas ela exige um leitor crítico, qualificado, capaz de transformar as informações em conhecimento, caso contrário, teremos mais desinformação e uma sensação de dispersão, sem conseguir se aprofundar em uma temática específica: sabe-se de tudo e ao mesmo tempo, de nada.

A questão não é o uso da internet ou dos smartphones em si, já que são apenas o meio ou o canal, mas qual o tipo de conteúdo que se busca. Não é crível achar que usando apenas jogos de games e o tik tok, conforme dizem os jovens da geração z, se adquire uma base sólida de conhecimento, capaz de contribuir para o seu crescimento pessoal, acadêmico e profissional.

Certamente, a onda cringe é apenas um termo da moda, que logo será ultrapassado pela velocidade da modernidade líquida, tornando-se cringe em breve.

Erivan Santana. Texas, VII, 2021

*Erivan Augusto Santana é colaborador do site, professor, escritor, poeta, graduado em letras e mestrando em Ciência da Educação e membro
Academia Teixeirense de Letras (ATL)

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