Daniel Rocha

Em meados de 1992, um controverso episódio conhecido como “Lava Jato Colírios” eclodiu na pitoresca cidade de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, Brasil, repercutindo internacionalmente.

Nesse estabelecimento peculiar, mulheres trajando apenas calcinha de biquíni e túnicas transparentes, exibindo seus seios, foram empregadas para atender os clientes. O local buscava atrair a clientela ao explorar uma conotação sexual e erótica durante a prestação dos serviços oferecidos.

A notícia desse empreendimento logo se espalhou, provocando fortes reações de diversas organizações que acusaram o estabelecimento de não cumprir com as normas trabalhistas, em especial por não adotar um vestuário mais tradicional para suas funcionárias. A pressão resultante desse escândalo levou o Lava Jato Colírios a suspender suas atividades temporariamente.

Surpreendentemente, o proprietário do estabelecimento, um homem de 37 anos, decidiu retaliar adotando uma postura controversa. Ele passou a vestir algumas de suas funcionárias com macacões inteiramente transparentes, o que provocou ainda mais discussões acerca do tema.

A reabertura do Lava Jato Colírios atraiu a atenção até mesmo da rede de televisão americana CNN, que enviou equipe para realizar reportagens no local. As mulheres lavadoras trabalhavam nove horas por dia em espaços semelhantes aos boxes de lavagem encontrados em motéis, enquanto os motoristas, desavisados da gravidade da situação, esperavam que seus carros fossem lavados.

Essa polêmica não estava isolada do contexto social e publicitário da época. Conforme mencionado no artigo “A Erotização da Mulher Relacionada com a Publicidade,” nos anos 1990, houve um notável aumento do uso da mulher em campanhas publicitárias, impulsionado pelo crescimento da presença feminina no mercado de trabalho e no poder econômico. As empresas buscavam se adaptar ao papel que a mulher exercia na sociedade e passaram a investir em anúncios que refletissem essa mudança.

Como resultado, a publicidade passou a retratar a mulher como bela, elegante, bem-sucedida tanto no âmbito profissional quanto afetivo. Nesse cenário, a beleza feminina tornou-se praticamente obrigatória nas campanhas publicitárias.

É notável, portanto, que as mulheres foram frequentemente retratadas como meros objetos a serviço dos interesses capitalistas em diversos meios, inclusive na extravagância sensacionalista do “Lava Jato Colírios”. Esse episódio exemplifica a forma como a erotização dos corpos femininos também ocorria naquele período.

Fontes:

Jornal do Brasil 1992. Acervo TB.

A Erotização da Mulher Relacionada com a Publicidade1

Texto atualizado 01/08/2023

Daniel Rocha da Silva*

Historiador graduado  e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.

Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com

O conteúdo  deste Site não pode ser copiado, reproduzido, publicado no todo ou em partes por outros sites, jornais e revistas sem a  expressa autorização do autor. Facebook.

Doação
Você que é fã do nosso site, ajude-nos a continuar trazendo cada vez mais conteúdos novos. Qualquer valor é bem-vindo e será muito apreciado. Cada contribuição nos impulsiona a ir além e a realizar ainda mais.

Faça um doação via PIX: Chave 73998118769

Compartilhar: