Por Daniel Rocha*

Na década de 1960, o então povoado denominado oficialmente em 1957 de Teixeira de Freitas (BA) ainda recebia apelidos curiosos como “Arripiado,” assim chamado por haver muita discussão e bate boca no pequeno comércio. “, alcunha segundo alguns moradores relacionado às agressões existente no lugar causado sobretudo por  questões banais.

Segundo noticiou um jornal da época, Folha Nanuque,  no dia 03 fevereiro de 1967, por exemplo, dois soldados do destacamento policial de Caravelas a serviço em Teixeira de Freitas foram esfaqueados por um desconhecido à porta de uma pensão onde se realizava uma festa beneficente em prol da construção da igreja “São Pedro”, então uma simples capela necessitando de reformas urgentes.

O fato foi relatado por uma das vítimas no Hospital Santa Cruz em Nanuque  onde os dois  foram levados depois de feridos já que não existia na época hospital na cidade. Segundo a versão contada por Arlindo dos Santos Souza, tudo começou quando ele e o amigo  foram escolhidos para “implantar a ordem durante uma festa organizada numa pensão”, quando chegou um rapaz que queria entrar sem ingresso e sem licença do organizador.

Advertido por ele de que não podia entrar sem pagar, pois a festa era em benefício da Igreja Católica de Teixeira de Freitas, o rapaz disse que não ia dançar e sim olhar o movimento entrando contra a vontade do dono e prometendo que não ia participar do baile.

Entretanto quando um conjunto de Medeiros Neto começou a tocar o cara foi logo chamando uma dama para dançar. O dono da festa não gostou e pediu para  que  o policial chamasse a atenção do moço que parou a dança e disse que já estava indo embora.

O dono da festa “azouou” e queria dar no sujeito que continuava dançando sem pagar um centavo. Diante da situação Arlindo achou por bem emprestar ao elemento um dinheiro  para que ele pagasse o ingresso. “Achei por bem emprestar o dinheiro do ingresso ao elemento que aceitou e voltou de novo a dançar. Às 02 horas da manhã o cara saía para ir embora e dirigiu certos gracejos ao dono da festa que ficou dançando e lhe deu um empurrão,” narrou Arlindo.

Ainda de acordo com o soldado Arlindo, ele e seu colega José que chegara há pouco para ajudar a policiar a festa intervieram para proteger o rapaz da fúria do dono da pensão. Mas o rapaz terminou foi derrubando o seu colega, furando-o com uma faca que arranjaram e durante a sua tentativa de segurar também foi golpeado e ferido. “Depois de feridos tanto eu como José Geroastro atiramos no desconhecido, mas achamos que não o atingimos e ele conseguiu fugir”. 

Mas qual era o motivo da violência? Quem era o agitador? Qual o contexto?Em que ponto a agressividade do passado se compara à violência do presente? Dirigimos essas perguntas para um antigo morador que estava na festa e testemunhou o ocorrido. Ele revela o nome do “desconhecido” e detalhes que ajudam entender as razões e o contexto da violência na história da cidade de Teixeira de Freitas. (Continua na próxima postagem)

Daniel Rocha da Silva*

Historiador graduado  e Pós-graduando em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X. Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com

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Foto: Capela da praça dos Leões 1968.

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