Por Iara Pereira*

Fábia de Souza nasceu no ano de 1980, na localidade de Itamaraju, extremo sul baiano. É a segunda de quatro filhos de dona Ivone dos Santos de Souza e Arivaldo Gomes de Souza, conhecidos como dona Vera e seu Ari, um casal de zeladora e pedreiro iletrados que passaram por muitas dificuldades na zona periférica da cidade de Itamaraju. 

Aos 25 anos de idade e na mesma cidade que residia, Fábia conheceu e se casou com o indígena Rodrigues de Almeida, também conhecido como Akuã, que significa “flecha” em patxôrã, língua dos povos originários, e por lá ficaram pouco mais de três anos após o casamento.

Pouco tempo depois de casada, Fábia engravidou e deu à luz a Clara, filha única do casal de jovens, que hoje está com 14 anos, cursando o 1° ano do ensino médio. No ano de 2012, mais precisamente entre novembro e dezembro, Fábia e Rodrigues mudaram-se, a convite do seu sogro, o senhor José Alves, cacique da comunidade de “Craveiro”, situada no município de Prado- BA. Por lá ficaram cerca de oito anos até se mudarem para Teixeira de Freitas- BA no final do ano de 2019, em busca de melhores oportunidades de vida, já que na zona rural as dificuldades eram muitas.

Entretanto sua passagem pela comunidade “craveiro” lhe trouxe grandes momentos de aprendizado e alguns desses momentos são lembrados com muito amor e gratidão. Fábia nos relata que teve a oportunidade de conhecer e vivenciar muito da cultura indígena, dentro dos seus costumes e tradições, tais como: festas dos santos, rituais religiosos, danças, fabricação de adereços (colares, brincos, pulseiras, casquete e muito mais, incluindo as brincadeiras indígenas (arco e flecha, pé no maraca, corrida de tora, cabo de guerra e etc…)

Para além disso também tinha a produção das comidas típicas, como: farinha moreninha, beiju, peixe na patioba, canjiquinha e o famoso kauim que é uma bebida tradicional que não pode faltar nas comemorações e eventos indígenas, onde ela, o marido e a filha puderem apreciar a riqueza e os detalhes dessa linda cultura.

 Em alguns relatos Fábia faz reflexões acerca da importância e respeito que os indígenas mais idosos possuem por parte de toda a comunidade, pois são considerados como grandes contadores de histórias reais, das quais fizeram parte, compartilhando com os demais muita sabedoria e amor pela terra e por toda a natureza. Outro detalhe importante sobre a sua passagem por “craveiro” foi que lá ela atuou como colaboradora na educação de muitas crianças, jovens e adultos, desempenhando um papel fundamental na formação desses indivíduos. 

Atualmente, Fábia e sua família continuam morando em Teixeira de Freitas, seu bairro de residência é o Tancredo Neves, e atua como funcionária pública da prefeitura municipal da cidade, seu esposo Rodrigues trabalha em empresa privada e eles continuam frequentando a comunidade indígena onde a família de Rodrigues reside até hoje.

*Iara Pereira de Jesus, discente do 8° semestre do curso de Letras Português e Literatura da Universidade Estadual da Bahia – UNEB X. Curiosa, observadora,  pensamento crítico e livre, aberta às discussões e boas oportunidades da vida.

Compartilhar: