Por Iara Pereira*

Com relação a natureza da língua de sinais, a falta de informação provém de maneira geral do preconceito enraizado e pré estabelecido por parte da sociedade, que na maioria das vezes não compreende este outro meio de comunicação como uma língua natural. E para esclarecimento prévio, existem alguns mitos e verdades que explicam o tamanho da sua magnitude e o quão importante e interessante esta língua é.

No período histórico quando algum recém-nascido apresentava algum tipo de atenção especial, a sociedade, os meios políticos e até mesmo religiosos, não só os excluíam como também assassinavam essas crianças. Não era diferente com a pessoa com surdez, para o contexto social eles conversavam em códigos e isso soava como ameaça para comunidade, que não buscavam compreender e tão pouco se comunicar com esses indivíduos, e partindo disso começaram a desenvolver pensamentos e ações preconceituosas que estão presentes até nos dias de hoje.

Se tratando de alguns mitos/crenças e verdades, trouxemos aqui alguns que com certeza farão diferença no modo coletivo de pensar e enxergar esses cidadãos, e além disso obter conhecimento que é um dos focos principais desse texto. Para início de conversa precisamos enfatizar que a língua de sinais não é universal, uma vez que cada país tem a sua própria língua, todos tem a sua maneira e forma de se comunicar.

A língua de sinais não é artificial. Na verdade ela é considerada como uma língua natural por simplesmente por ter evoluído, por pertencer e fazer parte de um grupo cultural do povo surdo. Ela também não pode ser caracterizada como mímica, pois através de um estudo de observação, notou-se que a partir de um signo (imagens e palavras) especifico, pessoas poderiam fazer invenções das mais variadas formas para representa-los e isso diverge das libras que é mais elaborada e possui sua própria estrutura gramatical.

Outra informação relevante é que a forma correta de referir-se a esses indivíduos é pessoa com surdez, alguns termos são pejorativos e nem todo surdo é mudo (a maioria das pessoas acreditam nisso). Também é uma crença afirmar que o intérprete de Libras é “voz” do surdo, por mais importante e valioso que seja esse trabalho, esses profissionais estão ali para auxilia-los na comunicação e transmissão da mensagem a ser passada. As pessoas com surdez possuem identidade e cultura própria, e é correto afirmar que independente de qualquer coisa, a surdez pode sim ser ocasionada por inúmeras situações ao longo da vida, sem estar absolutamente vinculada a fatores hereditários.

Aqui na cidade de Teixeira de Freitas – BA, temos o prazer de encontrar alguns grupos mais restritos de profissionais que estão dentro das escolas (como a Pestalozzi com profissionais capacitados), centros religiosos, universidades e eventos, oferecendo esse incrível trabalho de inclusão. Temos também a ASTEF – Associação de Surdos de Teixeira de Freitas que desenvolve atividades e dão apoio a este público em especifico. Felizmente, existem pessoas que estão se dedicando e lutando com muito carinho para que todos possam ter acesso a aprendizagem das libras, que é o maior e mais eficaz meio de comunicação dentro dessa comunidade afim de promover a inclusão e acabar com o preconceito. E lembrem-se a surdez não é uma deficiência.

*Iara Pereira de Jesus, discente do 8° semestre do curso de Letras Português e Literatura da Universidade Estadual da Bahia – UNEB X. Curiosa, observadora,  pensamento crítico e livre, aberta às discussões e boas oportunidades da vida.

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