Por Daniel Rocha

Foi realizado em Teixeira de Freitas na manhã da última sexta-feira, 12/08/16, no auditório da Primeira Igreja Batista (PIBATF)-Centro, pelo COMDDIM- Conselho Municipal dos Direitos da Mulher – o primeiro Fórum Sobre os Direitos da Mulher e Políticas de Gênero de Teixeira de Freitas.

O fórum que teve como tema Desafios da Democracia com “M” de Mulher , estava previsto no plano de ação 2016 da instituição e contou com o apoio de diversos setores e instituições da sociedade organizada.

No discurso de abertura do evento destacou Maria José Costa, presidenta do Conselho mulher de Teixeira de Freitas , que as políticas de gênero precisam considerar a diversidade, singularidade e singeleza da mulher e seu contexto para promover mais igualdade e justiça. Confira o discurso proferido pela presidenta na abertura do evento.

Bom dia a todos e a todas! Comprimento todas as mulheres aqui presentes, (…) A categoria mulher engloba uma multiplicidade de subjetividades. Há diversas especificidades entre as mulheres, pois a dimensão de gênero se articula com outras dimensões, como as de raça/etnia, de gerações, de classe social, e de sexualidade. A dimensão racismo merece destaque nesse quadro.

A sociedade brasileira é profundamente marcada e estruturada pela discriminação racista e sexista. A interseccionalidade de gênero e raça gera um quadro de dupla desigualdade enfrentada pelas mulheres negras, que se manifesta em diversas áreas.

As mulheres negras enfrentam as maiores taxas de desemprego (12,2%), por exemplo, enquanto os homens brancos apresentam as menores (5,3%) segundo dados do “Retrato das Desigualdades”, bem como nos termos do mapa da violência publicado em 2015, aumentou em 54% a violência contra mulheres negras nos últimos 10 anos no Brasil.

E que a grande concentração de mulheres negras economicamente ativas no mercado doméstico também indica a situação de desigualdade frente às mulheres brancas.

A dimensão geracional também compõe o quadro da diversidade de mulheres. As mulheres jovens se encontram no período de transição estudantes a profissionais, passando pela decisão sobre quais papeis femininos irão adotar.

Além disso, enfrentam dificuldades de inserção no mercado de trabalho agravadas por uma sobrecarga de tarefas com encargos domésticos. Em contrapartida, mulheres idosas, muitas das quais foram dependentes de maridos durante suas vidas, precisam lidar com limitações físicas advindas da idade além de , em alguns casos, lidar com perdas emocionais e financeiras, como um divórcio ou a morte do companheiro, ficando com pouco recursos financeiros para gerir suas vidas.

As mulheres deficientes enfrentam grandes desafios, com histórias de exclusão e violências que violam direitos e restringem seu acesso ao mercado de trabalho e às políticas de educação e saúde.

Também necessitam ter sua inserção efetivada na sociedade, pois muitas vezes sofrem preconceitos e são colocadas à margem da sociedade, encontrando maiores dificuldades em conseguir um emprego, ter acesso à educação, à saúde e a diversos outros direitos básicos.

A diferença entre as mulheres passa também pelas desigualdades entre as mulheres do meio rural, como as trabalhadoras do campo, as indígenas e as quilombolas, e as mulheres do meio urbano, com suas demandas diferentes. As políticas para as mulheres do campo e da floresta devem considerar e reconhecer os seus saberes tradicionais, além de garantir acesso à terra e segurança alimentar.”

 

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Nas últimas decadas , a mobilização política das mulheres negras tem apontado para o reconhecimento do papel do estado na elaboração de políticas capazes de reduzir o impacto do racismo, e do sexismo na vida dessas mulheres.

Neste sentido, a proposição de políticas públicas para este conjunto de mulheres tem partido de diferentes níveis de ações afirmativas que incluem sua participação na formulação e na gestão destas políticas em posição de igualdade em relação às outras mulheres, como também na proposição de ações que promovam mudanças nas suas condições de vida.

Em relação às mulheres deficientes, sejam estas jovens, adultas ou idosas, a perspectiva de acessibilidade é uma das metas a serem perseguidas pelas políticas públicas. Estas políticas devem garantir segurança e autonomia para que as mulheres deficientes sejam inseridas em todas as esferas da vida pública e privada sem serem excluídas de seus direitos e cidadania”, destacou.

Assim como as políticas de viés universalistas fracassam em seus objetivos se desconsideram as desigualdades de gênero, também as políticas para as mulheres precisam considerar as mulheres em sua diversidade, singularidade e singeleza.

Entendemos que somente assim será possível implementar políticas públicas que contribuam de fato para a promoção dos direitos da todas as mulheres brasileiras e, em especial, a partir de hoje, de todas as mulheres teixeirenses, de nosso território e baianas como um todo.

Com esse olhar é que nós , mulheres e homens do Conselho Municipal de Defesa dos direitos das Mulheres de Teixeira de Freitas, gestamos, articulamos, concebemos e estamos realizando com a participação de todos e todas vocês , o I Fórum Municipal das Mulheres de Teixeira de Freitas, com o tema: ” Enfrentando os Desafios da Democracia com ” M” de mulher.

 

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Para realização do importante evento o Conselho Municipal de Defesa dos direitos das Mulheres de Teixeira de Freitas, contou com o apoio de parceiros  importantes como; Ramagrafi, instituto Federal Baiano, Comissão da Mulher Advogada, Ordem dos Advogados do Brasil/Teixeira de Freitas, Faculdades Pitágoras, Faculdade do Sul da Bahia (FASB), Educandário Paz e Bem, Universidade do Sul da Bahia (UFSB), Balé estúdio de dança Vanessa Rodrigues, Sindsáude, Sincomércio, Labiclin, Restaurante Sinhô, Associação comercial e empresarial de Teixeira de Freitas,Decoração Rebouças.

O site Tirabanha e a associação de História e Revitalização do Patrimônio cultural (AHRC) apoiaram a realização do evento que  contribuiu para a efetivação de um sentimento de justiça, igualdade de gênero na cidade  e região .

 

 

 

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