Por Daniel Rocha
No final dos anos 1990, Teixeira de Freitas, no extremo sul da Bahia, vivia um momento de transição política e cultural. O prefeito da época, Wagner Mendonça, tentava consolidar sua liderança, mas ainda operava sob a influência de seu padrinho político, o ex-prefeito Temóteo Brito, o “Timóteo”, que mantinha forte controle sobre os rumos da cidade. Foi nesse contexto que ocorreu a Micareta de 1997, considerada o maior carnaval fora de época já realizado no município.
Conhecida popularmente como “Festa da Cidade“, a Micareta de 1997 foi organizada por Ubaldino Coelho e pelo próprio Timóteo Brito. O evento contou com uma estrutura impressionante para os padrões locais, refletindo o crescimento de Teixeira de Freitas, que já figurava entre as dez maiores cidades da Bahia.
Com o tema “Ano 2000”, a festa ganhou uma cenografia futurista assinada pelo carnavalesco Renart, de Itabuna. As ruas foram transformadas em um verdadeiro espetáculo visual, à altura das grandes micaretas da capital.
Segundo o jornal A Tarde, na edição de 6 de maio de 1997, o evento reuniu cinco trios elétricos, seis blocos de abadás e quinze bandas, com a expectativa de atrair mais de 60 mil foliões no circuito principal, a Avenida Getúlio Vargas, nas imediações do estádio municipal.
Entre os dias 7 e 11 de maio, a Praça 7 de Setembro (atual Praça Padre Aparecido) tornou-se o novo endereço da folia, superando até mesmo festividades em cidades turísticas como Porto Seguro. Na época, A Tarde destacou:
“O Carnaval fora de época de Teixeira de Freitas promete ser o mais animado do extremo sul, segundo Ubaldino Coelho, em termos de atrações.”
E atrações não faltaram. Bandas como 4 Estações, Tomate com Laranja, Boyborges, Leite Coco, Elói, Xamego Express, Conexão, Aipim com Sal, Zero, Os Águias, Pimenta N’Ativa, Terra Samba e Jheremmias Não Bate Córner embalaram os foliões. Seis blocos garantiram a animação nas ruas, com destaque para o Macaco Prego, que crescia em popularidade e reforçava a identidade da festa.
Mas a Micareta de 1997 não foi apenas música e cerveja. A programação incluiu apresentações culturais diversificadas, como shows de capoeira, performances do Coral Os Canarinhos, aulas de aeróbica e uma feira de artesanato, que reforçava o carater cultural da festa. Para além desses aspectos,é possível pensar, em tese, que a Micareta de 1997 também refletiu as tensões políticas e sociais da época – um tema para o próximo texto sobre o assunto.
Fontes:
Micareta de Teixeira atrai 60 mil foliões. Jornal A Tarde, maio de 1997.
História do macaco-prego. Acessado e arquivado em maio de 2009.
macaco prego/história. Acervo do site Tirabanha.
MENSITIERI, Carlos. A recente história de Teixeira de Freitas. 2020.
A praça da Bíblia. Disponível em: http://www.tirabanha.com.br/2013/08/31/a-praca-da-biblia.
Daniel Rocha da Silva Historiador graduado e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X. Contato WhatsApp: (73) 99811-8769 E-mail: samuithi@hotmail.com
O conteúdo deste site não pode ser copiado, reproduzido em formato de áudio, vídeo ou publicado, no todo ou em partes, por outros sites, jornais e revistas sem a expressa autorização do autor.
Deixe um comentário