Por Lizete Caires*

A Comunidade Rural Fura Coco está localizada à beira da BA 001 a um (01) Km da mesma, no município de Alcobaça e fica no limite entre a divisão territorial entre os municípios de Prado e Alcobaça, próxima ao condomínio Balneário Praia de Guaratiba, em Prado, Bahia.

História e Origem da comunidade

Na Comunidade Fura Coco vivem aproximadamente 33 famílias, residindo em seus pequenos sítios e pequenas porções de terra, adquiridas por compra ou por herança de seus ancestrais. Seus habitantes são afrodescendentes e são parentes em sua quase totalidade e sobrevivem da agricultura familiar: cultivam amendoim, milho, coco, frutas variadas em seus pomares, bananas, cacau e mandioca e seus derivados (beijus, moquecas, bolos, tapiocas, etc.). Sendo todos esses produtos vendidos nas feiras locais de Prado, Alcobaça e Itamaraju.

Os habitantes que residem na comunidade vieram da região às margens do Rio Itaitinga, Alcobaça Bahia (hoje onde fica localizada a região conhecida como Assentamento 40 45). Os habitantes mais velhos da comunidade Fura Coco (Senhor Benedito Lucindo dos Santos e seus filhos) migraram da região do Itaitinga para essa região por volta da década de 1980, indo primeiro para a região chamada Rio do Ouro que fica no município de Itamaraju, Bahia. Permaneceram lá por 03 anos e saíram do Rio do Ouro porque não gostaram da terra, era pouco produtiva, então vieram para Fazenda Canudo, onde hoje é a Comunidade Fura Coco.

A fazenda Canudo levava esse nome devido a um pequeno córrego que corta a mesma, chamado de Canudo. Essa Fazenda era de propriedade do pai de Zé de Vaninho. Essa propriedade era de um tamanho considerável (as filhas do Sr. Benedito não soube precisar o tamanho) O Sr. Benedito Lucindo dos Santos comprou dois alqueires e meio (2,5) de terra do Sr. Zé de Vaninho, juntamente com os 07 filhos, no ano de 1984. O Sr. Benedito e seus filhos passaram então a viver nessa região, criando seus filhos e netos, vivendo da produção de alimentos (agricultura de subsistência).

Essas comunidades rurais do Extremo Sul da Bahia contribuem com o desenvolvimento da agricultura familiar e com produtos diversificados para a região e principalmente para o comércio das cidades circunvizinhas, onde seus produtos são ofertados nas Feiras locais para acesso direto ao público consumidor.

Outro fator significativo e relevante da contribuição dessas Comunidades é sua produção de forma agroecológica como o modo que esses produtos são cultivados, fazendo de pouco ou moderado uso de agrotóxicos, diferentemente do cultivo das monoculturas predatórias que são cultivadas na região do Extremo Sul da Bahia e não é diferente na Comunidade Fura Coco que está rodeada do plantio de Eucalipto. Segundo Benincá e Bonatti (2020) “a agroecologia é uma forma de resistência aos modelos agrícolas depredadores”. (p. 03).

Segundo Ueno et al (2016 p. 02): “Apesar de cultivar uma área menor com lavouras e pastagens (17,7 e 36,4 milhões de hectares, respectivamente), a agricultura familiar é responsável por garantir boa parte da segurança alimentar do País, como importante fornecedora de alimentos para o mercado interno. A agricultura familiar é responsável por cerca de 87% da produção nacional de mandioca, 70% da produção de feijão, 46% do milho, 38% do café e 34% do arroz (IBGE, 2006).

O papel dos pequenos agricultores para as economias das cidades do interior do país é considerado relevante para o crescimento e desenvolvimento do comércio de produtos da agricultura considerados saudáveis, destinados ao consumidor final.

Segundo Maia e Santos (2010): “Trabalhar na feira pressupõe uma jornada longa de trabalho, de preparo, desde a plantação, como é o caso de vários feirantes onde eles são os próprios produtores, ou como aqueles que vendem mariscos em que os próprios são os pescadores” (p. 49).

Segundo Sena et-al (2019), os produtores rurais da área da agricultura familiar contribuem com uma produção de alimentação consciente buscando o uso sustentável do solo e isso tem relação direta com o conhecimento da cadeia alimentar com hábitos saudáveis de alimentação, contribuindo assim e com o consumo responsável que valoriza a história, a cultura e a tradição alimentar. No próximo texto da série: A origem do nome Fura Coco!

Lizete Caires Barros Martins* 

Graduada em História pela Universidade do Estado da Bahia -Uneb. Bacharelada  em Serviço Social pela Universidade Pitagoras Unopar. Pós-graduada em Gestão e Organização da Escola pela Universidade do Norte do Paraná-Unopar. Graduanda em Pedagogia pela Universidade do Norte do Paraná-Unopar. Professora da Rede Municipal de Ensino de Teixeira de Freitas e Medeiros Neto Bahia

Referências

BENINCÀ, Dirceu e BONATTI, Leticia Campos. Agroecologia: uma opção de Sustentabilidade no Campo e na Cidade. REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA. REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA ISSN: 1980-9735DOI: 10.33240/rba.v15i5.23201Vol. 15| Nº5 | p.191-203| 2020. Disponível em:  http://revistas.aba-agroecologia.org.br/index.php/rbagroecologia/article/view/23201/14308. Acessado em: 11/05/2021.

MAIA, Talita Alves, SANTOS, Alzinete Ferreira. A FEIRA LIVRE, UM OLHAR PARA A CIDADE DE TEIXEIRA DE FREITAS-1960 a 2009. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB – DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS X COLEGIADO DE HISTÓRIA. 2010. Disponível em: https://silo.tips/download/universidade-do-estado-da-bahia-uneb-departamento-de-educaao-campus-x-colegiado. Acessado em: 1/05/2021.

SENA, Ana Odália Vieira; SANTANA, Gean Paulo Gonçalves; FERREIRA, Maria Jucilene; BOGO, Maria Nalva Rodrigues de Araújo; CARVALHO, Luzeni Ferraz de Oliveira. Agroecologia e produção orgânica na agricultura familiar no território extremo sul da Bahia. Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação, Campus X Teixeira de Freitas. Revista Fitos – Rio de Janeiro. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/34058/2/ana_odalia_vieira_et_all.pdf. Acessado em: 13/05/2021.  

UENO, Vanessa Ayumi; NEVES, Marcos Corrêa; QUEIROGA, Joel Leandro de; FILHO, Luiz Octávio Ramos; OLIVEIRA, Laíssa Pacheco de. ESTRATÉGIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR: ESTUDOS DE CASO EM ASSENTAMENTOS RURAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Disponível em: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/1065665/1/2016AA50.pdf. Acessado em: 18-08-2021. 

Imagem: Google Imagens. Meramente ilustrativa.

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