Por Daniel Rocha

Quem não faz loucuras na pista também corre riscos, isso pode ser visualizado nesse relato sobre um acidente ocorrido em 02 de maio 2001, no município de Alcobaça-BA. O acidente que fez vítimas e feridos foi relatado por um jornal do sudeste que não observou alguns detalhes importantes.

Conforme o periódico paulista Folha de São Paulo noticiou, com base em informações passadas pela sucursal de Salvador, na madrugada do dia dois de maio um caminhão que transportava trabalhadores e trabalhadoras rurais caiu em um barranco na zona rural da cidade depois de perder os freios e o motor em uma ladeira íngreme.

De acordo com o relato de um morador da vizinha Teixeira de Freitas, que estava no caminhão, o motorista não conseguiu controlar o veículo com o freio. Como transportava muito peso na carroceria, do caminhão caiu em uma ribanceira de 40 metros.”

Ainda conforme noticiado, “os feridos foram transportados ainda durante a madrugada para o hospital regional de Teixeira de Freitas e para o Hospital São Bernardo em Alcobaça, onde, conscientes e preocupados, foram atendidos com atenção e urgência.

Segundo o teixeirense envolvido no acidente, o motorista não podia ser responsabilizado pela queda do caminhão porque ele era habilidoso e conhecido pelo cuidado e prudência na direção.

O mesmo ponto de vista foi expresso informalmente por outros trabalhadores, sobreviventes da tragédia, que disseram que o motorista estava acostumado a dirigir na região e não era de fazer nenhum tipo de “loucura na pista.”

Ainda conforme a notícia, os peritos que estiveram no local do acidente, uma falha mecânica no caminhão foi a grande responsável pelo acidente. De acordo com a PM, antes de cair na ribanceira o caminhão desceu pelo menos 50 metros e a barreira na pista foi insuficiente para conter o veículo. “A visibilidade era boa”.

Onze dos sobreviventes, que receberam alta médica no mesmo dia, deixaram o hospital lamentando a sorte dos colegas que não escaparam, duas mulheres e três homens, e a do prudente e zeloso motorista que também era atento às demandas e expectativas do patrão sequer citado pela reportagem.

Não há no texto jornalístico referências aos contratantes e nem em qual atividade agrícola os trabalhadores estavam envolvidos e se os mesmos estavam cobertos por algum tipo de seguro social, se eram trabalhadores informais, carteira assinada ou se eram subcontratados. Se a exigência da produção extrapolavam o horário de trabalho acertado, elementos ainda são responsáveis por uma alta taxa de acidentes no país.

Segundo noticiou o portal G1, dentre os países do G20, o Brasil é o segundo colocado no mundo quando o assunto é mortalidade no trabalho. Foram 08 óbitos a cada 100 mil vínculos de emprego entre 2002 e 2020, nesse período houve uma taxa de 06 óbitos a cada 100 mil envolvendo os trabalhadores em empregos formais. Acredita-se que esses números podem ser ainda maiores se contabilizando os informais, que mesmo evitando loucuras pelo pão, também correm o risco de fazer parte dessa triste estatística.

Daniel Rocha da Silva*
Historiador graduado e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.
Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com
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