Por Erivan Santana*

O estudo da semântica é um dos campos mais valiosos da Linguística, ciência que a cada dia ganha mais importância nos meios acadêmicos, passando por constante modernização e aperfeiçoamento.

Isto porque o sentido dos signos linguísticos podem ocultar significados muitas vezes imperceptíveis para o leitor mais desatento. Um bom exemplo é a famosa frase “Tempo é dinheiro”, que se analisada com um pouco mais de exame e atenção é carregada de um sentido extremamente político. Quanto a isso, nos alerta o filósofo francês Michel Foucault: “Tudo é político, tudo pode tornar-se politizável”.

Isto posto, observa-se que a frase desumaniza o homem, pois se o tempo é um dos bens que nos são mais preciosos, ele é colocado inteiramente a serviço do interesse econômico, desconsiderando outros interesses da vida em sociedade.

A partir da revolução industrial e do advento do capitalismo moderno, a questão da produtividade – colocada como um bem maior, acima mesmo de outras necessidades humanas, passou a ser regra básica. Uma das maiores críticas já realizadas a esta ideologia, pode ser vista numa das mais notáveis produções da história do cinema, “Tempos Modernos” do genial e inesquecível Charles Chaplin.

Não é de se estranhar que a depressão e outras doenças do mundo moderno cresçam de forma avassaladora, quando os reais valores que hoje se privilegia são a produtividade extremada e o consumismo cada vez mais crescente, o que tem levado a comunidade científica internacional e os ecologistas, a constantes alertas sobre o impacto de tudo isto sobre o meio ambiente e o equilíbrio dos ecossistemas.

O planeta já não suporta níveis tão elevados de extração mineral, vegetal e animal, para atender às demandas crescentes do consumismo em escala global, quando apenas o lucro e o crescimento econômico são levados em consideração.

É chegada a hora de cuidarmos da vida, do homem e da natureza, antes que seja tarde demais, pois a instabilidade e a insegurança são as marcas mais visíveis da “modernidade líquida”, usando termos de Baumam.

*Erivan Santana

Professor, escritor e poeta

Crônica publicada originalmente no jornal A Tarde, Salvador, 5/9/18

Veja também: 

 

Compartilhar: