Por Daniel Rocha.
Para saber mais sobre o cotidiano da falta do serviço de água encanada no município de Teixeira de Freitas, na década de 1970, busquei no depoimentos de algumas mulheres e antigos moradores resposta para o questionamento, onde buscavam água para as necessidades básicas?
A agente comunitária Ricardina Santos, moradora da cidade desde década de 1960, diz que chegou para morar no bairro Teixeirinha com a idade de seis anos.Lá durante a infância vivenciou o cotidiano da falta de água encanada e outros serviços básicos.
Recorda que os moradores recorriam a água de poços abertos nas margens do Córrego Charqueada que era utilizado para lavar roupas e tomar banho.Para beber pegavam água na Biquinha, que hoje fica na subida do bairro Colina Verde.
“Não havia água encanada nem no centro do povoado”, diz Maria Gomes,moradora da cidade há 40 anos, que morou nas proximidades da praça dos Leões, entre o final da década de 1960 e meados de 1970.
Ela que até o início dos anos oitenta morava com os pais, lembra que sempre foi a responsável pelos serviços domésticos, e que a falta de água tornava as obrigações ainda mais difíceis.
“Eu era a responsável pelos serviços da casa, tinha que ir buscar água na cisterna da vizinha que ficava um pouco longe, era uma vida dura de muito trabalho, eu quase não saia de casa”.
Segundo o morador do bairro Recanto do Lago, Benedito Libânio, 70 anos, uma vez aberto o poço era de uso coletivo, qualquer vizinho podia recorrer ás suas águas, mesmo porque era considerado pecado negar o líquido tesouro.
“Quando voltei no final da década de 1970 de uma temporada em Goiás, abrir um aqui na porta de casa, defronte a rua, aí era de todo mundo, não havia confusão.”
Segundo anotações do colaborador Domingos Cajueiro Correia, a poluição dos córregos e rios causado pela falta de rede de esgoto adequada e o crescimento urbano desordenado, fez com que os moradores adotasse o poço como fonte principal de água.
Ainda de acordo com o colaborador, que é nativo da terra, a abertura dos poços eram feitas por especialistas no ofício, recorda do trabalho de dois deles, Perneta e Tatu,que tinham esses nomes por conta da habilidade em abrir buracos.
Contratados pelo morador interessado, os abridores de poços trabalhavam de cinco a seis dias, um dia por metro, até chegar na fonte de água. Também fazia e entregava o poço com o sari, uma alavanca de madeira formada por duas vigas e uma madeira roliço no meio.
Neste era amarrado um balde, que na verdade era uma lata de querosene jacaré, a corda era comprada pelo dono e tinha de 30 a 50 metros, o tamanho variava de acordo com a profundidade do poço.
Além dos poços e mananciais, outra fonte buscada por moradores eram os lagos e minadouros próximos. Isso era possível porque Teixeira de Freitas, na época um povoado, era rico em mananciais e outras fontes como córregos e represas. As aglomerações de pessoas envolta dos córregos causava mortes e doenças, é isso que vamos ver no próximo texto sobre o assunto.
Daniel Rocha
Historiador, Bacharel em Serviço Social, Pós-Graduado em Educação à Distância (EAD), Cinéfilo e blogueiro criador do blog Tirabanha em 2010.
Vejam também:
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