Por  Daniel Rocha.  

Na década de 1970 o serviço de saneamento básico era inexistente em grande parte do território nacional e mais ainda em novos aglomerados como o povoado de Teixeira de Freitas. Para solucionar os problemas diversos planos emergenciais foram criados pelos órgãos públicos federais como O Plano de Metas e Bases para Ação do Governo lançado pelo presidente Médici em 1970. 


“Com a pretensão de oferecer, até 1980, serviços de água e de esgoto a 80% e a 50% da população brasileira, respectivamente.” 


A instalação do sistema de água em Teixeira de Freitas só ocorreu em meados da década de setenta, 1974, e mesmo assim a chegada do serviço da empresa baiana de água e saneamento não solucionou de uma vez o problema.

Isso porque a população crescia e a urbanização consolidava-se enquanto os investimentos em infraestrutura não se expandiam na mesma proporção. Com isso os moradores, sobretudo os das periferias, continuaram a fazer uso de fontes alternativas como: água em poços, córregos, rios e lagos existente no povoado. 

 

É o que conta antigos moradores que vivenciaram está época em entrevistas e conversas informais em esquinas e bares da cidade e no relatório da CEPLAC – Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira – CEPLAC,1976, que revela: 


“Seus habitantes se abastecem em cacimbas, poços rasos e alguns mananciais existentes na periferia da localidade”. 


Na imagem que ilustra o texto, mapa da cidade  década de 1970, é possível visualizar os diversos córregos e lagos. Sobre este período recorda a dona de casa Izabel Rodrigues que chegou em 1966 da cidade de Nanuque para morar no povoado de Teixeira de Freitas, na época também conhecido como Tira- Banha, a falta de água e eletricidade tornava a vida no povoado ainda mais difícil. 


“Não havia água encanada, toda água que agente precisava buscava em um minadouro que ficava em uma descida onde hoje está o prédio da igreja Batista central, no centro da cidade. A roupa era lavada no córrego do Buraquinho, bairro Wilson Brito, que tinha uma água limpa e boa”. 


Outro morador do bairro o senhor Natalino Santos, à 40 anos no local, lembra que entre os anos 1970 e 1980 os moradores procuravam muito o Córrego Charqueado para lavar roupa tomar banho e pescar. Disse ainda que só depois de muito tempo de uso do córrego que os moradores passaram a recorrer com mais frequência a outros mananciais e lagos. 


Por quê? Se o córrego era útil e necessário? Respondeu Natalino: “Devido a poluição, a água ficou suja, imprópria para uso.”
No próximo texto, cresce o número de poços abertos, uma nova dinâmica se estabelece.

 

Fontes

ROCHA FILHO. Carlos Armando. Comissão executiva do plano da lavoura cacaueira . Recursos Hídricos. Rio de Janeiro. CEPLAC, 1976.

LUCENA. Andréa Freire de. As políticas públicas de saneamento básico no Brasil: Reformas institucionais e investimentos governamentais. Disponível em: http://www.nee.ueg.br/seer/index.php/revistaplurais/article/viewFile/71/98. Acessado 8/9/14.

Daniel Rocha

Historiador, Bacharel em Serviço Social, Pós-Graduado em Educação à Distância (EAD), Cinéfilo e blogueiro criador do blog Tirabanha em 2010.

Vejam também:

Saneamento na história de Teixeira de Freitas Parte 02

 Saneamento na história de Teixeira de Freitas Parte 03

O causo do vinho em Helvécia

Futebol em Teixeira de Freitas: Parte 01.

Memória Estudantil

 

 

Compartilhar: